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terça-feira, 19 de junho de 2018

Colocação do pronome “se” após o verbo e a utilização de plural.


Processam-se as lides / processa-se a demanda / precisa-se de advogado / necessita-se de informações.


A regra é razoavelmente simples, mas com exceções, bastando identificar, a princípio, se o verbo pede uma preposição, ou não.



Por exemplo, se eu disser que: “processam-se as lides até final julgamento”, o sujeito da frase é “as lides”, então, alterando a ordem da frase, colocando na forma sujeito / verbo / complemento, nós teríamos: “As lides são processadas até final julgamento”. Como a forma de aprender é pela repetição, segue uma pequena lista de situações parecidas:

Realiza-se a perícia – Realizam-se as perícias.
Resgatou-se o título – Resgataram-se os títulos.
Discutiu-se uma estratégia – Discutiram-se várias estratégias.
Comprou-se um computador – Adquiriram-se materiais de escritório.
Alugou-se um imóvel – Alugaram-se vários quartos.

Isso porque é possível passar a oração da voz ativa para a voz passiva, quando o verbo for transitivo direto. Passando as frases acima para a voz passiva fica da seguinte forma:

Uma perícia é realizada – Várias perícias são realizadas.
Um título é resgatado – Vários títulos são resgatados.
Uma estratégia é discutida – Várias estratégias são discutidas.
Um computador foi comprado – Materiais de escritório foram adquiridos.
Um imóvel foi alugado – Vários quartos foram alugados.

Dessa forma, o substantivo presente em cada uma das orações acima é o sujeito da frase, sendo que o verbo deve combinar em número com o sujeito da oração.

Diferente disso ocorre se o verbo exigir preposição, sendo verbo transitivo indireto, isso porque a preposição retira do substantivo a característica de sujeito, ocorrendo sujeito indeterminado.

Dessa forma, se eu escrever: “precisa-se de empregado”, o que ocorre aqui é que o sujeito da oração passa a ser a pessoa que precisa de empregado.

Nesses casos, como já dito em outro artigo, os verbos transitivos indiretos não admitem a voz passiva, dessa forma não é possível, sequer, fazer aquela inversão, colocando o substantivo antes do verbo. Citando mais alguns exemplos:

Precisa-se de trabalho – Precisa-se de clientes.
Vai-se à praia – Vai-se às montanhas.
Investiu-se em NTN-B – Investiu-se em ações.
Oficie-se ao Ministério Público – Oficie-se às operadoras de telefonia.
Contrata-se para o cargo – Contrata-se para as vagas.
Trata-se de ação de cobrança – Trata-se de autos de investigação.

Observe-se que nesse caso não é possível passar as orações para a voz passiva. Não fica correto dizer que "Clientes são precisados", nem que "Ás montanhas são idas"

O segundo exemplo é muito elucidativo, porque mostra que a ação é desempenhada pelo mesmo sujeito indeterminado e o fato de esse sujeito indeterminado ter visitado a praia ou as montanhas, não influi na flexão do verbo.

Nem sempre essa expressão vai apontar para um sujeito indeterminado. Tem que ter atenção para o contexto, principalmente quando há uma idéia de reciprocidade ou conjunto, por exemplo:

Tratam-se com urbanidade em juízo e fora dele.
Foram-se pela manhã.

Nesse caso dá para colocar o sujeito antes do verbo e manter a voz ativa. Quando se fez isso no início do artigo, as orações tenderam para a voz passiva. Exemplo:

Eles se tratam com urbanidade em juízo e fora dele.
Eles se foram pela manhã.

Nesse caso há o pronome oculto “Eles”. Tal questão pode ocorrer em outros casos, como “Gostam-se muito” ou “foram-se pela manhã”, mas sempre nesse contexto de reciprocidade, ou conjunto.

Aparecendo o pronome pessoal do caso reto, a próclise é facultativa, sendo que eu, pessoalmente, sempre prefiro a próclise à ênclise porque senão o texto pende para o pedantismo.

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