Processam-se as lides / processa-se
a demanda / precisa-se de advogado / necessita-se de informações.
A regra é razoavelmente simples, mas
com exceções, bastando identificar, a princípio, se o verbo pede uma
preposição, ou não.
Por exemplo, se eu disser que: “processam-se
as lides até final julgamento”, o sujeito da frase é “as lides”, então,
alterando a ordem da frase, colocando na forma sujeito / verbo / complemento,
nós teríamos: “As lides são processadas até final julgamento”. Como a forma de
aprender é pela repetição, segue uma pequena lista de situações parecidas:
Realiza-se a perícia – Realizam-se
as perícias.
Resgatou-se o título – Resgataram-se
os títulos.
Discutiu-se uma estratégia –
Discutiram-se várias estratégias.
Comprou-se um computador – Adquiriram-se
materiais de escritório.
Alugou-se um imóvel – Alugaram-se vários
quartos.
Isso porque é possível passar a
oração da voz ativa para a voz passiva, quando o verbo for transitivo direto. Passando
as frases acima para a voz passiva fica da seguinte forma:
Uma perícia é realizada – Várias perícias
são realizadas.
Um título é resgatado – Vários títulos
são resgatados.
Uma estratégia é discutida – Várias
estratégias são discutidas.
Um computador foi comprado –
Materiais de escritório foram adquiridos.
Um imóvel foi alugado – Vários quartos
foram alugados.
Dessa forma, o substantivo presente
em cada uma das orações acima é o sujeito da frase, sendo que o verbo deve
combinar em número com o sujeito da oração.
Diferente disso ocorre se o verbo
exigir preposição, sendo verbo transitivo indireto, isso porque a preposição
retira do substantivo a característica de sujeito, ocorrendo sujeito
indeterminado.
Dessa forma, se eu escrever: “precisa-se
de empregado”, o que ocorre aqui é que o sujeito da oração passa a ser a pessoa
que precisa de empregado.
Nesses casos, como já dito em outro
artigo, os verbos transitivos indiretos não admitem a voz passiva, dessa forma não
é possível, sequer, fazer aquela inversão, colocando o substantivo antes do
verbo. Citando mais alguns exemplos:
Precisa-se de trabalho – Precisa-se
de clientes.
Vai-se à praia – Vai-se às
montanhas.
Investiu-se em NTN-B – Investiu-se
em ações.
Oficie-se ao Ministério Público –
Oficie-se às operadoras de telefonia.
Contrata-se para o cargo – Contrata-se
para as vagas.
Trata-se de ação de cobrança –
Trata-se de autos de investigação.
O segundo exemplo é muito
elucidativo, porque mostra que a ação é desempenhada pelo mesmo sujeito
indeterminado e o fato de esse sujeito indeterminado ter visitado a praia ou as
montanhas, não influi na flexão do verbo.
Nem sempre essa expressão vai
apontar para um sujeito indeterminado. Tem que ter atenção para o contexto,
principalmente quando há uma idéia de reciprocidade ou conjunto, por exemplo:
Tratam-se com urbanidade em juízo e
fora dele.
Foram-se pela manhã.
Nesse caso dá para colocar o sujeito
antes do verbo e manter a voz ativa. Quando se fez isso no início do artigo, as
orações tenderam para a voz passiva. Exemplo:
Eles se tratam com urbanidade em
juízo e fora dele.
Eles se foram pela manhã.
Nesse caso há o pronome oculto “Eles”.
Tal questão pode ocorrer em outros casos, como “Gostam-se muito” ou “foram-se
pela manhã”, mas sempre nesse contexto de reciprocidade, ou conjunto.
Aparecendo o pronome pessoal do caso
reto, a próclise é facultativa, sendo que eu, pessoalmente, sempre prefiro a próclise
à ênclise porque senão o texto pende para o pedantismo.
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