terça-feira, 17 de julho de 2018

Eu, Me, Mim, Para eu, Para mim.

Ao analisar este assunto, necessário falar um pouco de regras gramaticais, depois passar para os macetes, ensinando alguma coisa a mais no meio do caminho, para sempre que vocês lerem um texto aqui, não terem apenas uma dúvida esclarecida, mas também aprendam algo de novo e já fiquem com água na boca de pesquisar mais sobre outros assuntos.




Primeiramente, a função sintática do termo EU é ser o sujeito da oração, enquanto o termo MIM, vai ser sempre o objeto indireto, ou complemento. Sempre indireto? Sim, porque se o verbo não for transitivo indireto, mesmo assim haverá uma preposição por causa da construção da frase. Sem a preposição será usado o pronome átono e não o pronome tônico.

Nesse ponto, a regra é clara: os pronomes tônicos possuem sílaba tônica própria, ainda que monossilábicos, sendo separados por preposição do verbo principal. Sim, essa característica de estar separado por preposição é da regra gramatical mesmo. Já os pronomes átonos se fundem com a palavra, sendo quase que uma sílaba átona a mais no verbo. Citando exemplos para ficar mais fácil de entender:
O meu chefe falou para mim que eu vou poder pegar uns dativos para eu fazer.
De outra forma, se eu utilizasse o pronome átono, ficaria assim:
O meu chefe falou-me que eu poderei atuar como advogado dativo.
Eu fiz algumas adaptações no texto porque a primeira frase é visivelmente mais coloquial, para a linguagem oral e a segunda é mais apropriada para a linguagem escrita.

Então usaremos o pronome "mim" sempre que ocorrer alguma coisa para você, contra você, a você, ante você... Depois vamos estudar mais sobre preposição e locuções prepositivas, mas por agora, vamos seguir o tema.

Dessa forma, a diferença entre ME, MIM e EU reside justamente aí.

Me - Pronome átono utilizado com ou sem hífen, antes (próclise), no meio (mesóclise) ou depois (ênclise) do verbo, NÃO SENDO SUJEITO:


Cante-me uma música antes de eu dormir. (ênclise)
Cantar-me-ás uma música antes que eu durma (mesóclise)
Ela falou que me cantaria uma música antes que eu dormisse (próclise)
Mim - Pronome oblíquo tônico utilizado sempre depois de uma proposição, desempenhando a função de objeto indireto ou complemento da oração:

Quando a ação realizada pelo verbo for realizada por um sujeito diferente de quem está falando, ou a oração não tiver sujeito e houver uma preposição, ou locução prepositiva, então há a colocação do pronome MIM.


Não há nada entre mim e ela
O carteiro entregou essa carta para mim
Ele disse que não tem nada contra mim também

Também há as locuções prepositivas e as combinações e contrações das preposições, mas esse assunto será abordado em outra postagem.

Eu - Pronome pessoal do caso reto, sempre desempenhando a função de sujeito da oração. É o sujeito da ação descrita no verbo da oração.

Para se ter certeza, basta observar o verbo e, ainda que haja preposição, caso seja o "eu" que pratica a ação descrita no verbo, então é sujeito e deve-se usar o pronome do caso reto EU.


Para mim - Para eu

Depois de entender que MIM não executa a ação descrita no verbo e que 'EU' refere-se ao sujeito da oração, o sujeito que pratica a ação descrita no verbo, fica fácil de entender quando usar um e outro.

Para eu - sempre vem acompanhado de verbo no infinitivo, justamente o verbo que indica a ação que o sujeito "EU" vai fazer. Assim sendo, por maior que seja a frase, por mais complexa que seja a sentença, se o verbo no infinitivo que segue o pronome for uma ação executada pela primeira pessoa do singular (eu ou mim), então deve ser usado o pronome do caso reto "EU". Citando exemplos:


O meu chefe pediu para EU ligar para o cliente.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Há dois verbos na frase, então devemos ter foco na ação praticada pela primeira pessoa (eu ou mim) e não pela terceira pessoa (ele ou se).

Poderia ser escrito "O meu chefe pediu-me" ou "o meu chefe pediu para mim" se a frase terminasse ali, mas segue com um segundo verbo. Quando há dois verbos, então há duas orações. A primeira é "o meu chefe pediu", há o conectivo "para" e a segunda oração é "eu ligar para o cliente". Então deve ser verificada a ação do verbo correto, dentro da oração correta.

Mas a configuração da frase vai ser sempre nesse mesmo sentido, até porque o "para eu" já é um conectivo da oração anterior com o sujeito da oração posterior.


Essa roupa é para eu usar na festa.
"Essa roupa é" (primeira oração) "para" (conectivo) "Eu usar na festa" (segunda oração).

A professora me ensinou para eu aprender.

"A professora ensinou" (primeira oração) "para" (conectivo) "Eu aprender" (segunda oração).

Para mim - sempre vem desacompanhado de verbo, sendo que o verbo da oração (e aqui há só uma oração) indica a ação executada por outro sujeito que não a primeira pessoa do singular (eu ou mim), justamente o verbo que indica a ação que o sujeito da oração vai realizar. Assim sendo, por maior que seja a frase, por mais complexa que seja a sentença, se o verbo for uma ação executada por outra pessoa que não a primeira pessoa do singular (eu ou mim), então deve ser usado o pronome do caso oblíquo tônico "MIM". Citando exemplos:


O meu chefe entregou o relatório para MIM.

Nesse caso há apenas um verbo, indicando a ação executada pelo chefe e não pela primeira pessoa do singular (eu ou mim). Há apenas um verbo na frase, então devemos ter foco em quem praticou a ação descrita no verbo (único) da frase.

Poderia ser escrito "O meu chefe pediu-me o relatório" ou "o meu chefe pediu o relatório para mim". Ao contrário do exemplo citado no tópico anterior, neste caso a frase termina aqui, não tendo um segundo verbo.

Nesse caso, a configuração da frase vai ser sempre nesse mesmo sentido, com apenas uma oração na frase, até porque o "para mim" já é um complemento.


Ele entregou o relatório para mim.
"Ele" (sujeito da oração) "entregou" (verbo) "o relatório para mim" (predicado) "para mim" (complemento).


A professora ensinou a lição para mim.

"A professora" (sujeito) "ensinou" (verbo) "a lição para mim" (predicado) "para mim" (complemento).


Macetes porretas para facilitar nossa vida

ME - quando o verbo da oração indica uma ação feita por outra pessoa que não a primeira pessoa do singular (eu ou mim) usada sem preposição, sendo pronome oblíquo átono do verbo, que pode ser colocado tanto antes (próclise), no meio (mesóclise) ou depois (ênclise) do verbo. Exemplos:

MIM adiciona no Facebook? (ERRADO)
ME adiciona no Facebook? (ERRADO)
Adiciona-me no Facebook? (Certo)

Minha mãe falou-me por horas sobre aquele assunto. (Certo)
Minha mãe falar-me-á por horas sobre aquele assunto. (Certo)
Minha mãe não me falou nada sobre o assunto. (Certo)

MIMquando o verbo da oração indica uma ação feita por outra pessoa que não a primeira pessoa do singular (eu ou mim) usada SEMPRE COM PREPOSIÇÃO. Exemplos:

Ele pediu para mim. (certo)
Mim não adicionar, mim ser índio mau (ERRADO)

A minha mãe falou algo para mim sobre aquele assunto (CERTO)

EUquando o verbo da oração indica uma ação feita pela primeira pessoa do singular (eu ou mim) sempre sendo o sujeito da oração. Exemplos:


Eu não adiciono pessoas que escrevem muito errado. (certo)Fulano disse que eu errei (CERTO) 'Fulano disse' (primeira oração) 'que' (conectivo) 'eu errei' (segunda oração, sendo o EU o sujeito e o 'errei' o predicado da oração)

PARA EU - Conectivo + sujeito da segunda oração. Sempre vem acompanhado de um verbo no infinitivo indicando a ação realizada pelo sujeito "EU", primeira pessoa do singular.

Sempre vai ter a fórmula = Primeira oração (sujeito + verbo) + conectivo 'para' + pronome pessoal do caso reto 'EU' + verbo no infinitivo, com ou sem outro pronome oblíquo átono. Exemplos:


Ela pediu para eu adicioná-la no Facebook.
Sujeito + verbo (pedir)+ conectivo + pronome + verbo no infinitivo + contração de lhe+a (la)

Meu chefe pediu para eu redigir o relatório.
______________Sujeito + verbo (pedir) + conectivo + pronome + verbo no infinitivo

_____Falaram para eu ter cuidado.
Verbo com Sujeito indeterminado + conectivo + pronome + verbo no infinitivo

Nesse caso há sempre duas orações, dois verbos, sendo que o pronome "EU", depois da preposição é o sujeito da segunda oração, o sujeito que realiza a ação descrita pelo verbo no infinitivo.

PARA MIM - Conectivo + complemento. A ação é realizada pelo sujeito da oração e o "para mim" indica complemento, o 'mim' não flexiona o verbo nem realiza a ação descrita pelo verbo.

Sempre vai ter a fórmula = sujeito + verbo + predicado + complemento 'para mim'. Exemplos:


Ela pediu para mim, adicione-me no Facebook.
Sujeito + verbo (pedir)+ complemento (para mim) + outra oração com configuração igual à do primeiro macete.
Eu coloquei duas orações apenas para pontuar que o importante não é verificar a frase inteira, mas cada oração. A oração "Ela pediu para mim" é diferente da oração "adicione-me no Facebook". Importante mostrar que nos dois casos foram usados o pronome oblíquo, mas no primeiro caso foi adicional o pronome oblíquo tônico e no segundo caso o pronome oblíquo átono.
Meu chefe pediu para mim, redija-o para mim.
______________Sujeito + verbo (pedir) + complemento (para mim) + Verbo+sujeito + complemento (para mim).
Eu coloquei duas orações apenas para pontuar que o importante não é verificar a frase inteira, mas cada oração. A oração "Meu chefe pediu para mim" possui a mesma estrutura da oração "redija-o para mim" mas com a colocação pronominal diferente. Importante mostrar que nos dois casos foram usados o pronome oblíquo tônico, mesmo que a oração seja iniciada por "sujeito + verbo" ou "verbo-sujeito". No caso da segunda oração o sujeito é a terceira pessoa do indicativo no singular "o", sendo que o pronome "o" substitui o substantivo "relatório".

_____Falaram para mim: tenha cuidado.
Verbo com Sujeito indeterminado + complemento (para mim) + verbo com sujeito oculto (você) + objeto direto.

Nesse caso há sempre uma única oração, um único verbo, sendo que o pronome da primeira pessoa não executa a ação descrita pelo verbo.

Assim sendo, basta verificar o verbo da oração. Quem está executando a ação descrita pelo verbo? Se for a primeira pessoa do indicativo, então pode escrever "eu".

CUIDADO

Cuidado com as orações compostas, orações coordenadas, orações subordinadas, enfim, quando há vários verbos na frase, principalmente quando houver verbo oculto:


Essa camisa é para eu usar na missa, não na audiência.
 Nessa frase há diversos verbos, inclusive alguns ocultos. Vamos descobri-los:

Essa camisa é - Verbo ser. Quem é? A camisa é.
para - conectivo entre duas orações porque há dois verbos.
eu usar na missa - Verbo no infinitivo usar. Quem usa? Eu uso, então 'eu' é sujeito da oração "eu usar na missa".
não na audiência - Verbo ser e usar estão ocultos, assim como o sujeito "essa camisa". A transcrição completa da oração seria: "Essa camisa não é para eu usar na audiência"

Essa camisa não é - essa camisa (sujeito) + advérbio de negação (não) e verbo ser.
para - conectivo.
eu usar na audiência - sujeito + verbo + objeto indireto, com uma contração da preposição 'em' + artigo definido 'a'.

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