Pressione Enter e depois Control mais Ponto para Audio

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Palavras falsas gêmeas



Este artigo receberá atualizações, por isso, é sempre bom, além de enviar dúvidas, dicas e sugestões, também sempre retornar para acompanhar as atualizações.

ÍNDICE DE VERBETES EM ORDEM ALFABÉTICA
A algum tempo/ há algum tempo
A fim de/ afim de
Acento/ assento
Aonde/ onde
Dia a dia/ dia-a-dia
Esse/ este
Não obstante/ não o bastante
Por hora/ por ora
Sequer/ Se quer
Tampouco/ Tão pouco


Não o bastante e Não obstante - O termo 'obstante' vem de 'obstar', de colocar obstáculo, de embargar, atrasar, opor-se a algo. Quando eu digo "não obstante", a idéia que eu quer passar é que, mesmo que uma coisa aconteceu, essa coisa não obstou que outra coisa acontecesse. Por exemplo:
Não obstante eu tenha estudado, eu fui mal na prova.
Ou seja: mesmo eu tendo estudado, isso não foi um obstáculo para que eu tirasse uma nota ruim na prova.
Já o termo "não o bastante", significa que algo não foi suficiente para impedir que algo acontecesse. Por exemplo:
Não estudei o bastante para ir bem na prova.
Às vezes o termo "obstante" é usado no lugar de "obstante", até com certo contexto, mas quando a idéia for a de que uma coisa não obstou que outra acontecesse, o termo certo a ser usado é "não obstante". Confusões acontecem nesses termos:
O Autor pagou o boleto, mas não o bastante, foi protestado mesmo assim.
Ocorre que o fato de o Autor ter pagado o boleto já era o bastante para não ter o título protestado, ocorre que, não obstante isso, o nome foi protestado da mesma forma.

se quer e sequer - Existem os dois termos e os dois estão corretos dependendo do contexto, no entanto, não são intercambiáveis.
O termo 'sequer' é intercambiável com 'pelo menos', 'ao menos', 'nem mesmo'. Quando não há nada, ninguém, nenhum fato, ou nenhum motivo. Por exemplo:
Não havia uma prova sequer.
Não havia um motivo sequer.
Se trocar a palavra 'sequer' por 'ao menos', a frase continua mantendo o seu sentido, no entanto, esses termos são colocados logo após o verbo:
Não havia, ao menos, uma prova.
Não havia, pelo menos, um motivo.
Já o termo 'se quer' é exatamente o que aparenta. Um pronome 'se' e o verbo querer na terceira pessoa o singular, no presente do indicativo. No entanto, nas peças processuais, dificilmente haverá ensejo para a utilização dessa estrutura, uma vez que nas peças processuais "se requer" e não "se quer". Alguns exemplos de uma aplicação correta do termo "se quer".
Ir para a praia nas férias é o que se quer fazer.
Observando que quando há a presença do pronome relativo "que" deve ser aplicada a próclise. Se não houvesse tal pronome, principalmente no início das frases, o correto seria aplicar a ênclise:
Quer-se ir para a praia nas férias.

"a dois dias" "há dois dias": A regra é muito simples: Quando se fala de passado deve ser colocado o verbo haver, quando é futuro deve ser colocada a preposição. Explico:
Quando eu digo que eu vou à casa de um amigo daqui a dois dias, na verdade, eu estou me referindo a um intervalo de tempo, daqui até dois dias, de agora para dois dias.
Observe que, tanto o "até", quanto o "para" e até o "a", todos eles são preposição. Então, daqui para dois dias, daqui até dois dias, ou daqui a dois dias se referem ao futuro, algo que vai acontecer.
Quando eu falo que algo aconteceu no passado, eu digo que esse algo aconteceu "há dois dias". Caso você queira aprofundar o conhecimento prático no assunto, leia o artigo sobre o Verbo haver em orações sem sujeito, sendo que esse termo: 'há dois dias" é uma oração sem sujeito.

acento e assento: Acento é sinal gráfico (circunflexo, til, agudo, grave, trema). Por isso que quando eu quero dar ênfase para alguma coisa, eu devo "acentuar que" e não "assentuar", nem "assentar"
Assento se refere ao ato de sentar, repousar, até anotar, por isso que quando me refiro a algo que foi registrado em algum livro, eu digo que, "conforme os assentamentos constantes no livro". Citando exemplos:
O acento grave é o acento indicativo de crase, sendo que o fenômeno crase não deve ser confundido com o acento grave, indicativo de crase.
Eu descrevi o fato duas vezes para acentuar bem o que aconteceu.
O advogado assentou-se na sua cadeira e foi trabalhar.
Conforme citado, os assentamentos constantes do Livro de Registro de pessoas naturais, indica a paternidade e maternidade da pessoa de quem nós falávamos.

A fim de e afim de: Para nunca ter nenhum erro ou dúvida acerca do tema, quando em falo em "a fim de" com três palavas separadas, eu posso substituir tudo isso pela preposição "para", sendo o termo "a fim de" uma locução prepositiva, palavras que desempenham a função de preposição na frase.
Fiz a petição a fim de obter provimento na pretensão do autor.
Fiz a petição para obter provimento na pretensão do autor.
Coloquialmente, o termo "a fim de" significa que há desejo, vontade, intensão de se obter algo.
Eu estou a fim de terminar logo este trabalho para começar o próximo.
Assim sendo, o termo "a fim" vem acompanhado da preposição "de", sendo que toda a expressão "a fim de" desempenha a função de preposição na frase.
Já o termo "afim" indica semelhança, familiaridade, afinidade. Dessa forma, quando se quiser escrever sobre a afinidade, deve usar o termo "afim":
Nós dois temos visões de munto muito afins.
A Fulana não é parente de Beltrano, mas apenas afim, com a dissolução do casamento de Fulana, Beltrano deixou de ser cunhado.
Visões de muno afins, significa que há semelhanças. Já no segundo exemplo, o termo afim se refere ao parentesco por afinidade.

Onde e Aonde: Para simplificar, onde indica lugar, e aonde é uma contração da preposição "a" (equivalente a 'para') e onde. Assim sendo, o termo "aonde" equivale a para onde.
Quando se refere a um lugar, o termo usado é sempre "onde":
Onde você mora? Onde você estuda? Onde você trabalha? Onde é a Igreja que você freqüenta? Onde você tomou aquela bebida?
A regra diz que quando a situação envolve movimento, então deve ser usado o termo "aonde".
Aonde você vai? Aonde você se mudou?
Parece simples, mas dá para complicar um pouco. Ou seja, mesmo que houver a idéia do movimento, se eu acrescentar uma preposição antes, então a forma correta será sempre "onde":
Para onde você vai? De onde você veio? Para onde você vai se mudar?
Dessa forma, o termo "aonde", nada mais é do que uma contração das preposições "a" e "onde", de modo que, quando houver uma preposição escrita de forma isolada (de, ou para), a forma correta é "de onde", "para onde", nunca "de aonde" ou "para aonde".

dia a dia e dia-a-dia: Simplificando muito, dia-a-dia é sinônimo de quotidiano e "dia a dia" é sinônimo de diariamente. Tendo isso em mente, nunca mais haverá dúvidas.
Quando eu digo que as pessoas não conhecem o meu dia-a-dia, estou me referindo ao meu quotidiano. É correto escrever cotidiano também.
Quando eu falo que os preços sobem dia a dia, eu estou me referindo ao fato de eles subirem diariamente.
O termo "dia-a-dia" é uma espécie de locução substantiva ou adjetiva, uma expressão que desempenha o papel de substantivo ou adjetivo. Dessa forma, quando eu for usar uma expressão que desempenhe um papel diferente, o de advérbio, o que eu devo usar é "diariamente", ou "dia a dia".
Tanto dia-a-dia, quanto quotidiano, são substantivos, que indicam o conjunto dos dias e suas labutas. Pode ser também adjetivo, quando eu falo que algo tem a qualidade de se repetir com o passar dos dias, se tornando algo diário (diário é diferente de diariamente).
O meu trabalho é dia-a-dia.
O meu trabalho é quotidiano.
O meu trabalho é diário (todo dia).
Eu trabalho dia a dia.
Eu trabalho diariamente.
Eu trabalho todos os dias
Observe que há diferença entre "todo dia" e "todos os dias".
O verbo ser introduz um adjetivo, algo como "o meu trabalho é bonito" ou "o meu trabalho é estressante".
No entanto, em que pese as explicações tão detalhadas, tudo se resume em: "dia a dia" é sinônimo de diariamente, com o passar dos dias; "dia-a-dia" é sinônimo de quotidiano.

este/ esse: a regra é muito simples. Este é primeira pessoa e esse é segunda pessoa. Dessa forma, quando o objeto está próximo de quem fala, usa-se este, quando está próximo de quem ouve, usa-se esse.
Uma regra mnemônica que eu uso é o TEMEU e SESSEU, esTE MEU e esSE SEU, ou seja, aquando estiver comigo, for meu, eu falo 'este', quando for mas próximo da pessoa que ouve, quando for seu (segunda pessoa) eu uso o 'esse'.
Isso se aplica aos outros pronomes indicativos e contrações: todos os que possuem a letra 't' (este, esta, isto, neste, nesta, nisto, deste, desta, disto) são de primeira pessoa, mais próximo de quem fala. Exemplos:
__ Este livro que eu estou segurando contém aquelas informações que eu mencionei ontem.
__ Em qual página desse livro estão aquelas informações?
Analisando o que foi escrito acima, nós temos o seguinte:
Este (primeira pessoa, EU, meu, me, mim, comigo, algo que está comigo) livro que...
Em qual página desse (terceira pessoa equivalente à segunda, você, se, si, consigo, algo que está com você, consigo) livro...

No Brasil, raramente utilizamos a segunda pessoa  (tu, teu, ti, vós, vos, etc.), então o pronome demonstrativo "esse", acaba sendo utilizado, tanto na segunda pessoa, quanto na terceira, mas essa terceira pessoa equivalente à segunda (você).

Aqui nós temos o objeto de forma bem concreta, materialmente na mão de um dos interlocutores, mas quando nós estamos falando de informações mencionadas anteriormente, independente de quem esteja falando, a forma correta é "esse". Mais uma vez, exemplo em forma de diálogo:
__ A testemunha foi atropelada, por causa disso ela não compareceu à audiência ontem.
__ Isso já foi informado nos autos.
Sempre que se referir a uma idéia, alguma informação mencionada anteriormente, independente de quem for o interlocutor, o correto é aplicar a segunda pessoa (esse, essa, isso, desse, dessa, deste, nessa, nesse, neste).
Analisando o que foi escrito, nós temos o seguinte:
A testemunha foi atropelada, por causa disso (segunda pessoa) ela não pôde...
Isso (segunda pessoa) já foi informado...

Ocorre que, nesse caso, a informação passa a ser uma espécie de terceira pessoa (ele, ela, aquele, aquilo, aquela...), e eu acho mais fácil entender assim.

Lembra que foi dito que, no  Brasil, raramente utilizamos a segunda pessoa e nos valemos mais da terceira pessoa? Então, nesse caso, ocorre algo semelhante, como se usássemos o pronome de segunda pessoa no lugar do de terceira pessoa.

Analisando por esse prisma, nós temos o seguinte:
A testemunha foi atropelada, por causa disso (terceira pessoa, ela, a informação de que a testemunha foi atropelada) ela não pôde...
Isso (terceira pessoa, ela, a informação de que a testemunha foi atropelada) já foi informado...

É interessante enxergar dessa forma, muito embora não seja correta, porque o pronome 'esse' é de segunda pessoa, porque a informação prestada passa a ter uma posição equidistante entre os interlocutores.

Por causa disso, quando você está introduzindo uma informação que ainda não foi mencionada, daí tem que usar a primeira pessoa:

Este é o problema: eu não sei atuar na área previdenciária.

O meu chefe mandou este aviso: os prazos de amanhã foram prorrogados para segunda-feira por causa de uma atualização do sistema.

Tão pouco e tampouco: nesse caso, a diferença é a seguinte:
Tão pouco é a soma do advérbio tão, com o advérbio pouco. Isso significa que quando você for usar o termo "Tão pouco", você vai ter que apresentar uma justificativa para isso. Por exemplo:
Tão pouco dinheiro que não dá para pagar a passagem.
Tão pouco dinheiro que não dá para passar o mês.
Escrevendo de outra forma, ficaria:
Pouco dinheiro a ponto de não dar para pagar a passagem.
A expressão "tão", significa "a tal ponto" "a ponto de", "em tal maneira", ou "quantidade". Ou ainda como correlativa de comparação:
Tão rico, quanto o Juiz da Comarca.
Tão capaz, quanto um Desembargador.
Então o termo "tão pouco" requer um complemento de comparação, ou de relação "a ponto de".
Já o termo tampouco, não obstante tenha sua etimologia na expressão "tão pouco", ela acabou adquirindo um significado à parte como um aditivo de negação, "também não", "muito menos". Por exemplo:
Não tinha dinheiro para comprar a passagem, tampouco passar o mês.
Ou seja:
Não tinha dinheiro para comprar a passagem e também não para passar o mês.
Não tinha, nem dinheiro para comprar a passagem, muito menos para passar o mês.
Dessa forma, o termo "tão pouco", possui o significado associado às duas palavras que a compõe, e o termo "tampouco", muito embora tenha sua etimologia na expressão anterior, possui um significado próprio, de aditivo de negação, adicionando uma negativa mais severa, ou mais absoluta à

Por hora/ por ora: O termo "hora" se refere ao período de 60min e "ora" se refere a um momento passado ou ao momento presente, agORA:

Por hora é uma expressão que se refere a eventos cíclicos pelo período de sessenta minutos. Ou seja, "duas pausas por hora", "sessenta quilômetros por hora", "uma pergunta por hora".
Por ora é uma expressão que se refere a um determinado momento. A própria palavra "ora" é um advérbio que significa algo como "em um determinado momento", ou "até este momento", "até agora". Dessa forma, quando falamos que o Agravante, "ora" Reclamante, pediu alguma coisa, usamos "ora", sem o h. Se dissermos que o cliente, ora faz perguntas pertinentes, ora apenas atrapalha, então usamos "ora". Da mesma forma, quando dissemos que "até o momento" não houve decisão, então dizemos que "por ora", não houve decisão.

Por hora se refere a eventos cíclicos pelo período de sessenta minutos;
Por ora se refere em um determinado momento, até agora.
A cerca/ acerca Por ora/ por hora Cessão, Seção e Sessão Se não/ Senão Viagem/ viajem

Nenhum comentário:

Postar um comentário